Sandra Bullock (Um Sonho Possível e Miss Simpatia) e George Clooney (Amor Sem Escalas e Mar em Fúria) estrelarão o próximo filme do estimado diretor mexicano Alfonso Cuarón (E Sua Mãe Também e Paris, Eu Te Amo). Gravity contará apenas com a participação dos dois atores americanos e narrará a história de dois sobreviventes de uma missão espacial que tentam retornar à Terra.

Atriz norte-americana Sandra Bullock/Wikimedia Commons

A ficção científica – prevista para chegar às telonas em 21 de novembro no formato 3D – não estaria em evidência tão cedo se a estrela hollywoodiana não tivesse revelado, em uma entrevista ao USA Today, que não usou maquiagem durante as rodagens.

Bullock brincou que espera que Deus ajude a plateia a encarar seu rosto ao natural e, como a produção foi filmada no formato digital, se desculpou pelas imperfeições que serão percebidas. A eterna namoradinha da América acrescentou a frase “isto é tão assustador” as suas declarações.

Uma mulher deveria se desculpar por sua aparência?
Ok, a atriz usou o tom jocoso para fazer as afirmações. No entanto, por que uma mulher de 47 anos deveria se desculpar por sua aparência? Porque ainda vivemos em uma sociedade que supervaloriza o que se tem e não o que se é. Porém não irei entrar nessa discussão, há gente muito mais competente e preparada do que eu que discorre esse tema com extrema propriedade como a antropóloga Mirian Goldenberg.

O que gostaria de lembrar é que a aparência de uma pessoa é um reflexo de suas oportunidades e de suas possibilidades.

Todos nascem jovens e relativamente belos. Mas só as condições sociais, econômicas e psicológicas determinam como será o nosso envelhecimento. Quem não se recorda da linda menina afegã que estampou a capa da revista National Geographic em 1985?

Dezessete anos depois, o fotógrafo Steve McCurry – autor da imagem – reencontrou Sharbat Gula que, com menos de 30 anos, já estava precocemente envelhecida. A guerra, o subdesenvolvimento do Afeganistão e a falta de perspectiva encheram o rosto da outrora bela garotinha de rugas e manchas.

Os golpes da vida também apagaram gradualmente as bonitas feições da ex-modelo e agora jornalista e escritora Danuza Leão. A brasileiríssima enfrentou as mortes de sua irmã Nara Leão, de seu filho Samuel Wainer, entre outras perdas.

Há casos que dependem mais de fatores psicológicos como as drogas que engoliram a beleza – e uma parte do talento – do trompetista norte-americano Chet Baker, morto em 1988.

Maturidade feminina
Por causa disso, não posso aceitar as suas desculpas Sandra. Como toda mulher madura, você passou por altos e baixos que, no seu caso, se refletiram em construir uma carreira sólida e cheia de acertos e alguns erros; enterrar a sua mãe; buscar o amor; encontrá-lo; passar por uma separação pública humilhante; adotar uma criança; ganhar um Oscar; entre outros fatos desconhecidos pelo grande público.

Ou seja, você amou, sofreu, sorriu, chorou, teve medo, riu, caiu e se levantou. E é impossível encarar a existência humana sem o turbilhão de emoções que ela nos reserva. Para isso, é preciso crescer, amadurecer e, por fim, envelhecer.

Graças a essa imensidão que é a vida, por mais uma vez, não te desculpo, Sandra.

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Debora de Lucas
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